Contos da periferia de Mogi

Contos da periferia de Mogi

O Nilson foi preso por ter sido pego roubando uma roupa. Com testemunhas, foi acusado e como não era primário e pobre foi para a cadeia.

Cumpriu a pena até chegar a condição de cumprir a pena em liberdade. Conhecedor dos horrores da cadeia fez promessa de nunca mais voltar para aquele inferno. Como não tinha advogado, ninguém falou para ele que deveria sempre se apresentar na delegacia.

Com dificuldade pela sua condição de ex-presidiário, procurou e encontrou um emprego de ajudante geral em uma escola e se dedicou muito, procurou sempre fazer o melhor para os alunos e professores. Constitui família e um lugar na sociedade.

Com o tempo conquistou o coração da criançada e dos professores, pois sempre se esforçava até que a justiça veio. Como ele não se apresentava, mesmo com carteira assinada pela Escola teve que voltar para a cadeia e terminar de cumprir sua pena.

A família constituída com esposa e filhos tornaram alvo de desaprovação pelos vizinhos, fazendo com que até se mudassem de casa por conta dos preconceitos.

Graças aos céus e pela falta de espaço na Penitenciaria, deram um jeito nele para voltar para a Escola e para a sua família.

Hoje, por conta de sua passagem pela prisão, muita gente não quer nem conversar com ele, com medo das amizades que fez na prisão.

Nilson. Siga o seu caminho.

A História é a lei

A história é a lei.

Paulo Pinhal.

Precisamos entender que todos nós temos histórias: Histórias pessoais; de nossa família; das personalidades; das cidades e entre tantas outras a histórias de nossa nação, que culmina com as nossas tradições e comportamentos que adotamos.

Nossa história pessoal sempre esta atrelada a algum local que nos trouxe alegrias ou tristezas compondo assim a nossa identidade. O local pode até ser simples arquitetonicamente, no entanto são memórias vivas que nos remetem ao nosso passado. Quando alguns desses locais são descaracterizados ou demolidos, uma parte da nossa história se vai.

O COMPHAP que é o Conselho da cidade que controla o Patrimônio Histórico, quer seja ele material ou imaterial, vem nos últimos anos lutando pela preservação de nossa memória.

A composição do COMPHAP é feita por cidadãos e funcionários da Administração Municipal que sem receberem honorários e com falta de recursos se disponibilizam a realizar a difícil missão de ser guardião da nossa memória.

        O crescimento natural da Metrópole, com imigrações de pessoas que não tem identidade com a cidade, identificam os casarões como velhos e desprezam a nossa história.

Dentro desta esteira de estrangeiros temos os senhores das leis, promotores e advogados que não compreendem o real  significado de preservação e até não dominam como deveriam as leis existentes de preservação de Patrimônio Históricos, para que pudessem apenas exigir o cumprimento delas por parte dos proprietários que insistem em burlar as leis.

        Temos casos comprovados de Crime Ambiental com demolições e incêndios em Patrimônios, cujos proprietários ainda estão impunes pela falta de ação por parte da justiça.

        A falta de Educação Patrimonial faz com que os cidadãos, principalmente os imigrantes tratem os Patrimônios Históricos da cidade com desdém.

        O COMPHAP esta se esforçando para a preservação da memória, mas precisamos que a população também tenha consciência da importância dos bens materiais e imateriais para a nossa história e para as nossas vidas.

As origens da pobreza de Mogi

As origens da pobreza de Mogi

Por Paulo Pinhal

Não se sabe com certeza

A origem de nossa pobreza

Na Mogi de antigamente

Até a dúvida com sua origem a gente sente

Por falta de títulos de nobreza

O império pouco passou por aqui

A localização e a natureza

Colaborou com a terra do caqui

Por aqui de nobre apenas um marinheiro

Que vinha para uma chácara no verão

Tinha pouco dinheiro

Mas ostentava o título de Barão

Artur Silveira Mota, simples marinheiro

Que pela diplomacia conquistou

Mesmo sem dinheiro e pai

Tinha o título de Barão de Jaceguai

Veio a industrialização

Entre elas a grande Mineração

Trazendo mineiros com baixos salários

Serviu de referencia para todos os proletários.

Outras indústrias vieram, mas o estrago estava feito

A Mineração como indústria fez até prefeito

Servindo como referencia os salários eram baixo

A colônia japonesa ajudou plantando cachos

Região privilegiada, por sua localização

Ficou as margens do progresso

Um desvio da Rio São Paulo que por aqui passava

Surgindo a Dutra que do progresso distanciava

A cidade de certa forma foi preservada

Da grande transformação

Mas leva em sua história

A história de pobreza e frustração

Mas tudo na vida tem dois lados

Se Mogi sofre com a sina da pobreza

O povo mogiano,

Traz dentro de si uma grande riqueza.

Turismo em Mogi das Cruzes.


Turismo em Mogi das Cruzes


No editorial de domingo, dia 17 de setembro de “O Diário” fala sobre a manutenção de Mogi das Cruzes e demais cidades da Região no Mapa do Turismo 2017, elaborado pelo Ministério do Turismo, e que nossa cidade tem a melhor avaliação na região.


Nós mogianos não sentimos que esta avaliação é correta, uma vez que não estamos percebendo ações por parte da Administração Municipal que levem a merecer tal colocação.


Quem vem de fora, tem dificuldade em descobrir os encantos e as belezas de nossa cidade e entender um pouco da nossa história de mais de 400 anos, pois não temos Centros de Informações Turísticas espalhados pela cidade e a ausência de uma Politica Turística, mesmo com o Plano Diretor Turístico, oferecido pelo Curso de Turismo da Escola e Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), não se vê progresso neste setor.


Dizer também que a culpa é só da Administração é leviano, pois a maioria dos cidadãos da cidade não conhecem seus pontos turísticos e para ajudar, quando a Prefeitura oferece o Turismo para Mogianos, que é um projeto fantástico, mesmo com preços populares, não existem adesões. A responsabilidade é de todos nós.


As Secretárias de Educação e Cultura em parceria com a Coordenadoria de Turismo deveriam fazer um trabalho com as nossas crianças nas escolas, mostrando para elas as nossas riquezas. Já seria um começo. A outra proposta é transformar a Coordenadoria de Turismo em Secretaria de Turismo para dar maior autonomia.


As Universidades e Escolas Particulares também devem participar deste processo, pois são formadores de opiniões. Se todos nós conhecermos o nosso território, além de valoriza-lo, também podemos apresentar para os que aqui visitam e com orgulho.


Se todos nós mogianos nos unirmos, tenho certeza que teremos ações positivas para o Turismo. Podemos começar por exemplo, pelo o nosso Centro da cidade com seus os espaços culturais, e de patrimônio históricos abertos aos domingos e feriados, proporcionando para a área central uma movimentação de pedestres e comércios.


Ai sim todos nós poderemos dizer “Viva o Centro” e seja bem vindo turista.

Capoeira de Angola

Com Canoa

A capoeira é uma manifestação de origem afro-indígena brasileira.
Dentre os diversos segmentos de capoeira, a capoeira Angola é a mais próxima dos fundamentos e tradições ancestrais da capoeira original, sendo popularmente conhecida como “a capoeira mãe”.


Tem como estrutura base a história e a musicalidade, seguida pela luta de resistência, sendo assim uma manifestação composta por diversas artes.
Dentro de nossa proposta utilizamos a capoeira Angola para reaproximar o homem de suas origens, e resgatar sua ancestralidade.


“Capoeirista não é aquele que sabe movimentar o corpo, e sim aquele que se deixa movimentar pela alma” Mestre Pastinha

Todas as quintas feiras das 19h30 as 22h00

Matriculas abertas diretamente com Giselle – Whatsapp – 11 94730-2345

Professorinha na Janela

Professorinha na Janela

Estava no Varejão quando um tal de Heitor me parou perguntando se eu era o Paulo Pinhal. Ele começou a falar que deveríamos ter uma lei Federal, Estadual ou Municipal que protegesse os casarões de Mogi, pois ele lembrava da professorinha que ficava na janela de um deles e que hoje só tem fachada.

Naquele momento, achei que ia demorar muito explicar para ele a “Carta de Atenas” que é uma espécie de manual internacional de como deve ser preservado os patrimônios, foi quando sai com a seguinte resposta:

– Nossa cidade esta sendo invadida por pessoas de outras regiões, onde ainda aqui os imóveis são mais baratos e que os benefícios são grandes, pois estamos perto da cidade de São Paulo e do Litoral. As pessoas que por aqui chegam não têm nenhuma relação histórica com a cidade, portanto, colocar um casarão no chão não representa nada para elas, pois elas não vivenciaram a professorinha que ficava na janela.

Ele ficou com aquela cara que descobriu alguma coisa e agradeceu as informações.

Paulo Pinhal.

Tombamento

Tombamento

Contam que na época em que o Casarão do Chá estava em processo para ser TOMBADO pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), foi chamado as pressas um Engenheiro da Prefeitura para acompanhar a comissão que estava em Mogi, para analisar a obra arquitetônica.

No local com a comissão toda formada por Arquitetos, Historiadores e autoridades da região, o Engenheiro que nada entendia de Patrimônio se manifestou seriamente:

– Porque tombar, esse prédio já esta quase caindo!

O falecido arquiteto Eduardo Knesse de Melo elegantemente tratou de explicar o significado de TOMBAMENTO histórico e o Engenheiro sem graça saiu de fino.

Este Engenheiro da Prefeitura foi responsável por muitos tombamentos literalmente do Patrimônio da cidade, isto é pôs no chão em nome do progresso.

Paulo Pinhal.

Em baixo dos Lençóis

Em baixo dos Lençóis

            Quando o então Prefeito Antonio Carlos Machado autorizou o asfaltamento das ruas do centro de Mogi, alguns arquitetos e eu entre eles nos manifestamos na presença dele:

            – O Senhor sabia que no centro da cidade existe um lençol freático e que com o asfalto acabará impermeabilizando as ruas, carregando as galerias de águas pluviais e contribuindo para abaixar o nível da água do lençol, ocasionando nas edificações: recalques, trincas e até desabamentos.

            O jovem Prefeito rebateu tranquilamente:

            – E isso não é bom. Vai gerar bastantes serviços para vocês.

            Ficamos sem ação. Ele tinha razão.

Paulo Pinhal.

Saber vender o peixe

Saber vender o peixe

Contam que o “ Pradinho” , figura popular da década de 70 em Mogi das Cruzes, tinha que vender uma casa na Rua Ricardo Vilela.

Ele, como era um comerciante experiente, colocou na casa vazia, um “Piano” e um “Tapete” de 15mm (chiquérrimo na época). Para todos os interessados na casa ele afirmava que se comprassem a casa levaria o tapete e o piano.

Contam que ele vendeu a casa por um preço acima do mercado, cobrindo os custos do piano e do tapete.

Texto: Paulo Pinhal.

Notre Dame – Como esta fica

Notre Dame – Como esta fica.

Meu primeiro contato com Notre Dame, foi por meio de uma História em Quadrinho do Almanaque do Tio Patinhas de número 12 publicado em 1966, onde existia um fantasma na Catedral de Notre Dame, que pegava as moedas atiradas no poço dos desejos e que no final descobriram que era para construir uma maquete da Catedral toda em moedas, arte esta que conquistou o Velho pato Patinhas.

Curti muito o filme, “O Corcunda de Notre Dame” de 1939 dirigido por William Dieterle, baseado no romance de Victor Hugo, cuja mensagem e mais importante para mim no romance era a mostra do inicio da “imprensa”, onde por meio dos jornais murais mostrava a mídia impressa como meio de aglutinar as pessoas. Percebida pelo Rei como uma poderosa arma no futuro.

E é claro que Notre Dame passou a fazer parte do meu repertório, principalmente anos mais tarde nos estudos de História da Arquitetura.

Em minha primeira viagem para a Europa, viagem daquelas que você vê uns tantos números de países em pouco tempo, ocorreu um fato que a semiótica explica, que é a entropia de imagens. Eu já tinha passado por vários monumentos e igrejas europeias e quando tive o meu primeiro contato com a Catedral de Notre Dame, foi uma decepção. Decepção de quem encontra um mito e não era tudo aquilo que imaginava.

Das outras vezes que voltei em outros momentos de maneira mais dedicada, pude realmente perceber as riquezas de detalhes e a importância dela dentro do contexto, com suas gárgulas e seus vitrais. Uma obra de arte que marca um período da civilização.

Talvez por sua importância histórica é que em tão pouco tempo depois do incêndio do dia 15 de abril de 2019, já tinham várias doações que chegavam a quase 1 bilhão de Euros.

Torço para que as novas tecnologias de construções possamos ter de volta e acessível a Notre Dame, também por outro lado, fico pensando se a Catedral como era já não cumpriu o seu papel na história e que até devemos deixar como ela esta agora e preserva-la mesma destruída, assim como existe a Cúpula Genbaku no Parque Memorial da Paz de Hiroshima, que é a prova viva das loucuras dos homens com a bomba atômica.

A Catedral de Notre Dame será o simbolo da necessidade de desenvolver sistemas mais eficientes de controle de fogos em edifícios históricos.

Paulo Pinhal.