Manifesto
a favor da arte em Mogi das Cruzes.
Artigo escrito em 07 de novembro de 2013.
Considero um momento histórico, pois é a primeira vez que acontece em Mogi das Cruzes uma audiência pública para tratar de assunto sobre a arte e a cultura.
Meu respeito a todos os artistas presentes e assim como cidadãos, pagam seus impostos e que sobrevivem em uma cidade que os marginalizam e desrespeitam por pura ignorância.
Mogi das Cruzes, cidade com mais de 400
mil habitantes e com um orçamento anual que já ultrapassa o bilhão, tem o azar
de ter administradores que não entende o que é Política Cultural e nem o que é
arte e sua importância para a sociedade.
Existem inúmeros estudos científicos
sociais provando que onde existem instrumentos e atividades culturais, os
índices de violências urbanas diminuem ou desaparecem. A sociedade
culturalmente evoluída é participativa e civilizada.
Se tivéssemos uma Política Cultural que
não fosse de gestões, talvez os filhos e netos dos nossos administradores e
políticos entenderiam a importância de valorizar o artista e sua arte.
A arte é a forma de o ser humano
expressar suas emoções, sua história e sua cultura através de alguns valores
estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio.
Muitas pessoas dizem não ter interesse
pela arte e por movimentos ligados a ela, porém o que elas não imaginam é que a
arte não se restringe as pinturas ou esculturas, também pode ser representada
por formas mais populares, como a música, o cinema e a dança. Essas formas de
arte são praticadas em todo o mundo, em diferentes culturas.
As artes
hoje são divididas:
1ª
Arte – Música;
2ª Arte – Dança / Coreografia;
3ª Arte – Pintura;
4ª Arte – Escultura;
5ª Arte – Teatro;
6ª Arte – Literatura;
7ª Arte – Cinema;
8ª Arte – Fotografia;
9ª Arte – Histórias em Quadrinhos;
10ª Arte – Jogos de Computador e de Vídeo;
11ª Arte – Arte digital.
O Museu
de artes no prédio da Telefônica
Quando saímos com a idéia da
transformação de um edifício desleixado e subutilizado para a transformação em
um Museu de artes, tivemos pelas redes sociais manifestações na ordem de 30 mil
pessoas, quer seja compartilhando, curtindo ou comentando, mas em sua maioria
apoiando a idéia da criação do Museu de artes para a cidade.
Por causa desta manifestação pública é
que nasceu um grupo para a criação do futuro Museu e por meio de debates, a
maioria registrados pelos jornais da cidade, acabamos elaborando uma proposta
para um Museu que fosse autossuficiente e que sua gestão não estivesse atrelada
a gestão municipal, por entender que ela deveria ter vida própria por meio de
uma Fundação.
A proposta foi apresentada para o
Prefeito em exercício, que elogiou a iniciativa o qual “prometeu” esforços para
atender aos anseios dos cidadãos e dos artistas.
Apresentamos também proposta para uma “Praça
das artes” de baixo custo de implantação em frente ao Prédio da Telefônica que
não dependia de nenhuma negociação, somente da Prefeitura e que não houve
interesse sem nenhuma explicação.
Por muitos meses ficamos no aguardo e cobrando
um posicionamento do andamento do processo junto à administração pública, onde
o que ouvíamos é que a Telefônica tinha vendido para a Vivo e que ninguém sabia
quem poderia decidir sobre o patrimonio. Houve um esfriamento nas intenções
também por conta da reeleição.
Considerando as condições precárias que
os artistas têm para as exposições quer seja em Praças sem nenhuma
infraestrutura, em supermercados, em corredores do shopping e outros locais
alternativos, os artistas nunca deixaram de pressionar para ter um espaço e
este vem com o clamor da população e não como um favor para a arte e seus
artistas.
Chegamos a fazer contato com a Fundação
Telefônica que é uma das mantenedoras do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e
que aqui em Mogi das Cruzes, poderia ser uma filial para que pudéssemos ter uma
Pinacoteca de qualidade na região trazendo recursos com o turismo e ao mesmo
tempo valorizando os nossos artistas.
Desde o principio, pensamos em um Museu de artes com gestão própria, onde
as atividades desenvolvidas gerariam recursos, fazendo com que ele se tornasse
dinâmico para a sua própria sobrevivência. Um modelo bem distante dos Museus
estáticos que temos na cidade e que depende de recursos públicos para sua
sobrevivência, tornando um depósito de objetos e um cabide de empregos.
Agora que estamos na reta final para a
conquista do espaço, aparecem os interesses imediatistas de recuperar erros do
passado e aproveitar a atual gestão para tentar resolver tudo, visando mais um
marketing para futuras eleições.
Sem um planejamento mais profundo e uma
consulta pública, é apresentada uma proposta de utilização do espaço como
Biblioteca e posteriormente pela pressão nas redes sociais, como um espaço “multicultural”
para acalmar os ânimos de alguns.
A Biblioteca Municipal e seu “pobre”
acervo já andaram para muitos lados e hoje esta em um prédio que não atende as suas
necessidades, pois é o reflexo dos nossos administradores que erraram e estão
prestes a errar novamente.
Transferir a Biblioteca para o prédio
da Telefônica é mais um arranjo para liberar espaço em um prédio e ocupar
espaço em outro não importando que atividade que acontece dentro.
O Edifício da Telefônica não tem
estrutura para uma Biblioteca séria, pois como sabemos um livro pesa umas 500
gramas e quando colocamos um acervo de 100 mil ou 200 mil livros que é um número
razoável para a população de Mogi, onde se multiplicarmos o numero de livros
pelo seu peso, dá uma sobrecarga que pode vir a comprometer a estrutura do
edifício.
A Melhor solução para a nossa
biblioteca seria o aproveitamento dos Galpões da CMTC as margens da Avenida
Francisco Rodrigues Filho, sugeridos para os artistas como Centro Cultural, ou
melhor, ainda se a administração enxergasse um pouco mais alem como propõe o Planejamento
para 2050, que é a descentralização da Biblioteca Municipal em bairros que
facilitaria o acesso para grande número de cidadãos, alem de ajudar a reduzir o
número de pessoas na área central. Um exemplo é o “Farol do Saber” em Curitiba
que são um sucesso.
É chegado a hora da arte e do artista
mogiano ter a sua casa. Já perdemos muitos artistas ao longo da nossa história
e deixamos de criar oportunidades para tantos outros de se projetarem no mundo
das artes, trazendo divisas para a cidade.
O prédio da Telefônica tem vocação para
ser um Museu de Artes e este é o momento de realmente o nosso Prefeito cumprir
com sua promessa e entrar para a história, pois afinal é preciso reparar este
erro histórico.
Para finalizar, nós os amantes da arte
e da cultura e os artistas estamos fazendo um trabalho que ficará para a
história, onde peço que registrem este momento por meio de pinturas,
esculturas, musicas e literaturas.
Acredito que no futuro se a nossa voz
não for ouvida seremos mais lembrados dos que os nossos gestores, por esta luta
pela a Cultura de nossa cidade.
Muito obrigado.
Paulo Pinhal
Curador do CECAP